sábado, 22 de agosto de 2015

PARTE III - USANDO PRODUTOS DA HORTA

Aqui no Alentejo a convivência com as pessoas lembra as cidades do interior ou as ruas de casas do meu tempo de infância. Temos somente uma casa vizinha, a casa de André Violette, canadense de Québec, sua esposa portuguesa marquesa Gabriela Diaz-Bérrio e sua filha Francisca Violette.
A rua que separa a casa de Gabriela à esquerda da nossa à direita.

Vista da nossa varanda tirada em junho de 2014.
Temos outros vizinhos distantes mas há uma troca de gentilezas e de presentes entre nós. Amanheço um dia com uma tigela com uns quatro quilos de tomates da horta, super frescos, uma abobrinha gigante, dois pimentões gigantes, dados por uma vizinha mais longe com quem estive uma única vez numa festa de casamento. Quase todos os dias recebemos pimentas verdes ou vermelhas, tomates, laranjas.





Não conseguimos comer tudo num prazo curto. Aí decidi colocar a mão na massa literalmente e preparar algumas gostosuras com esses presentes campestres.

Primeiro os tomates. Consultei receitas, lembrei do molho de tomate de Michela Mansuino,  mãe de meu neto Paulo (que uma vez me ensinou, há muitos anos atrás) e resolvi juntar tudo e fazer minha própria receita. Que não só deu certo como ficou deliciosa. Nem gosto tanto de molho de tomate mas esse, esse molho é de saborear ou comer de joelhos como diz Ana Maria Braga em seu programa.

Nosso próximo plano é cultivar nossos tomates.
Tomates são decorativos plantados em vasos.
Vou espionar os de Gabriela para começar nossa horta. Aliás Gabriela sempre me ajuda com plantas e com o jardim que ainda não tenho mas vou ter breve.
Para cozinhar primeiro: luvas e avental. E muito papel de cozinha para sujar o mínimo, porque as sementes de tomate são rodeadas por uma matriz aquosa que se retiradas no papel vão embrulhadinhas para o lixo.
Aqui o lema "Zero Waste" ainda não chegou ao lixo.
O tomate é um fruto  (Solanum lycopersicum) originário do continente sulamericano, introduzido na Europa pelos espanhóis mais pela beleza que pelas suas propriedades culinárias ainda desconhecidas e até considerado venenoso. Se fala do caso de um inglês que juntava multidões nas feiras para comer tomates como se fosse uma façanha.
 Em francês o tomate é chamado "pomme d' amour", maçã do amor (propriedades afrodisíacas sugeridas) e na Itália "pomodoro", maçã dourada porque os primeiros tomates que por lá chegaram eram de uma espécie amarela.
Em inglês o tomate pode ser tomato nos Estados Unidos ou tomato na Inglaterra. A diferença você pode conferir na música que Ella Fitzgerald canta: "Let's Call The Whole Thing Off":
You like potato and I like potahto
You like tomato and I like tomahto
Potato, potahto, Tomato, tomahto.
Let's call the whole thing off
Portugal produz uma enorme quantidade de tomates com uma produtividade de 92 toneladas por hectare,  a segunda do mundo em 2012, superada apenas pela eficiência californiana. Apesar de ser um fruto no sentido botânico do termo, o tomate é tratado como um legume na cozinha. Garanto que é fruto para meu sobrinho João Paulo Querette e para meus netos João, Leonardo e Rafael filhos de Eduardo Altino.

MOLHO DE TOMATE FEITO EM CASA NO ALENTEJO


Ingredientes:
1 quilo e meio de tomates redondos bem maduros (fiz com 3 quilos, que era o que tinha em casa) 
4 colheres de sopa de azeite de oliva extra virgem
1 colher de sopa rasa de açúcar
1 pitada generosa de pimenta do reino
1 colher de sopa de sal
1 cebola grande ralada ou duas cebolas médias
2 dentes de alho amassados (usei ralados)
1 colher de chá de cominho (opcional)
1 folha de louro
1 cenoura sem pele ralada (uma a duas dependendo do tamanho da cenoura)
1 linguiça sem pele ralada
Folhas de manjericão.

Primeiro despelar os tomates: faça um corte em cruz nos tomates e coloque em água fervente por cerca de um minuto. Transferir então os tomates para uma bacia com água bem gelada (pode colocar gelo também na água) pelo mesmo tempo. Depois desse banho os tomates estão prontos para serem desnudados. O frio interrompe o cozimento dos tomates e facilita a saída das cascas que tirei com a ajuda de um descascador e com as mãos.
Os tomates já despelados. O descascador que usei.

Corte os tomates já pelados em 2 ou 4 partes (como preferir) e retire todas as sementes com os dedos.


Os tomates sem sementes prontos para o processador.










Processe os tomates já sem pele e sem sementes num processador. Poderia ser num liquidificador, mas a consistência mais grossa dada pelo processador é melhor. 












Rale a cebola, o alho, a cenoura e a linguiça.
Cebola e alho, linguiça e cenoura ralados.















Todos os ingredientes prontos. Na foto estão faltando o açúcar e a água.
Manjericão fresco na janela da cozinha.

















Coloque as colheres de sopa de azeite numa panela grande e quando ferver coloque a cebola e o alho para fritar ligeiramente.
Adicione todos os tomates de uma vez.

Adicione a cenoura, a linguiça, o cominho, a folha de louro, o sal, a pimenta (usei pimenta preta moída que adoro), as folhas de manjericão e a água (coloco água já fervida no bule elétrico).
Ponha então o açúcar que tira a acidez típica e desagradável dos molhos de tomate mal feitos. Nunca esqueça o açúcar que pode ser acrescentado mesmo nos molhos comprados prontos.
Deixe cozinhar por um longo tempo (pelo menos 30 a 40 minutos) até a redução do molho no ponto desejado. Melhor deixar o molho bem grosso. Mais gostoso e adere melhor às massas.

O cheiro invade a cozinha de forma inebriante. Aguça o seu paladar para experimentar o molho com uma massa à noite. Fizemos ravioli de carne com esse molho e queijo parmesão ralado. 
Quanto melhor o queijo mais saboroso.
Nosso ravioli maravilhoso.

Guarde esse molho espesso em vidros com tampas herméticas, dividido nas porções que vão ser usadas na geladeira e bom apetite. Smakelijk eten!

Já usei esse molho em várias receitas e numa que ficou ótima: camarões ao molho de coco.










A letra da música que fala da pronúncia de tomato e potato. Escrita por Ira e George Gershwin.

"Let's Call The Whole Thing Off"
Things have come to a pretty pass
Our romance is growing flat,
For you like this and the other
While I go for this and that,

Goodness knows what the end will be
Oh I don't know where I'm at
It looks as if we two will never be one
Something must be done:

You say either and I say either,
You say neither and I say neither
Either, either Neither, neither
Let's call the whole thing off.

You like potato and I like potahto
You like tomato and I like tomahto
Potato, potahto, Tomato, tomahto.
Let's call the whole thing off

But oh, if we call the whole thing off
Then we must part
And oh, if we ever part, then that might break my heart

So if you like pyjamas and I like pyjahmas,
I'll wear pyjamas and give up pyajahmas
For we know we need each other so we
Better call the whole thing off
Let's call the whole thing off.

You say laughter and I say larfter
You say after and I say arfter
Laughter, larfter after arfter
Let's call the whole thing off,

You like vanilla and I like vanella
You saspiralla, and I saspirella
Vanilla vanella chocolate strawberry
Let's call the whole thing off

But oh if we call the whole thing of then we must part
And oh, if we ever part, then that might break my heart

So if you go for oysters and I go for ersters
I'll order oysters and cancel the ersters
For we know we need each other so we
Better call the calling off off,
Let's call the whole thing off.

I say father, and you say pater,
I saw mother and you say mater
Pater, mater Uncle, auntie let's call the whole thing off.

I like bananas and you like banahnahs
I say Havana and I get Havahnah
Bananas, banahnahs Havana, Havahnah
Go your way, I'll go mine

So if I go for scallops and you go for lobsters,
So all right no contest we'll order lobster
For we know we need each other so we
Better call the calling off off,
Let's call the whole thing off.

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