terça-feira, 29 de setembro de 2015

PARTE VII - RATATOUILLE

Véspera de viagem, um monte de verduras na geladeira, melhor frigorífico como chamam em Portugal. Em casa arrumando as malas para o Brasil e ao mesmo tempo imbuída do espírito do outono, das mulheres medievais e ainda das mulheres do campo, que preparam as comidas para o inverno, resolvi deixar alguns quitutes prontos. No frigorífico. O preparo para o inverno que está chegando já começou na encomenda de madeira para as lareiras. Temos montes de madeira esperando para arder bem aqui na frente de casa. Até os gatos se preparam: estão estranhamente gulosos e engordando. Estão também uma bolinha de pelo e então aprendi que eles engordam, criam gordura como proteção ao frio e uma camada de pelos longos como capote.
Que melhor coisa a fazer que não um ratatouille. Adoro ratatouille como entrada com um pãozinho, o que acabei de comer agora, ou para acompanhar carnes. Ratatouille é uma receita antiga do século XVIII que pode ser servida quente ou fria, sozinha ou como acompanhamento ou entrada. Típico da região da Provença, com influências espanholas e italianas. O nome significa picar, triturar ou uma melhor tradução ragu de legumes ou ragu grosseiro. Beringela e tomate são obrigatórios e outros ingredientes podem variar como cebola, pimentão, abobrinha, temperados com sal e ervas da Provença. O nome Ratatouile ficou conhecido no mundo inteiro com o filme do mesmo nome, que conta a história de um ratinho que queria ser cozinheiro.
Uma região de sonho.
A Provença na definição dos livros situa-se no sul da França, entre o rio Ródano e os Alpes do Sul. Mas para o escritor Jean Giono (1895-1970), a Provença é um mundo composto por vários mundos diferentes, de gente pouco faladora e mais hospitaleira que vive fechada em casa com um horror bem fundamentado ao sol, que ama a sua terra feita de extensos olivais, campos de trigo e de lavanda. Morando no Alentejo me sinto uma provençal, trancada em casa fugindo do sol inclemente ou aproveitando as temperaturas mais amenas, mais quentes ou mais frescas mais em casa que ao ar livre.

Provence, Jean Giono.

Jean Giono escreveu dezenas de romances, ensaios, poemas e peças de teatro. Seu livro Provence é uma coletânea de textos sobre sua região, a cuja transformação assistiu ao longo da vida, mudanças que são descritas nesses escritos. A região foi sempre cenário para seus romances e tema maior de sua obra.
Pesquisando descobri um livro de receitas, que me interessou muito, chamado 'La Provence Gourmande de Jean Giono", escrito por sua filha Sylvie Giono, que recosntituiu o caderno de receitas da família, todas baseadas na culinária provençal, com o azeite de oliva e as ervas regionais que faziam o cotidiano e a felicidade de seu pai. Além das receitas há histórias da família e textos inseridos dos livros dele, seu pai escritor.
Minha próxima compra, esses dois livros.
Mas agora vamos à receita que fiz hoje de ratatouille baseada na receita francesa do próprio filme e acrescida da minha imaginação ou dos achados ocasionais.

INGREDIENTES:
- 1 beringela
- 1 abobrinha
- 1 pimentão vermelho
- 1 cebola grande ou duas médias
- 2 tomates
- 1 dente de alho
- 2 colheres de sopa de azeite
- louro, rosmaninho, tomilho, sálvia, louro, sal, pimenta, a colher de café de açúcar.

MEU ACRÉSCIMO:
- um punhado de azeitonas sem caroço, pretas ou verdes
- um punhado de passas
- cogumelos que passo no azeite junto com os outros legumes.

Beringela, abobrinha e pimentão cortados com casca.
MODO DE FAZER:
Cortar a beringela, a abobrinha, o pimentão, a cebola, os cogumelos e os tomates sem caroço e sem pele em cubos de 2cm.











Cebola e cogumelo.

Temperos, azeitonas e passas.





Panela funda, depois de frita a cebola com os legumes.











Usar uma panela funda e ferver o azeite para fritar primeiro a cebola. Baixar o fogo e cozinhar durante cerca de 10 minutos.
Acrescentar os outros legumes exceto o tomate e deixar cozinhar por cerca de 30 minutos, em fogo baixo e com a panela tampada. Colocar também os temperos: a pequena colher de acúcar, sal, pimenta, rosmarinho, tomilho, sálvia. Pode ser usado também orégano. Uma ou duas folhas de louro.





Secar a panela, escorrendo o excesso de líquido que vem do cozimento das verduras.
Já com os temperos.
Então acrescentar os tomates, as azeitonas, as passas e cozinhar por 15 minutos com a panela destampada.












O meu delicioso ratatouille.
Pronto. Use como acompanhamento de carnes, quente ou frio como entrada com torradas ou pão novo.
Bom apetite.
Deixei três vidros guardados no frigorífico para Jan.










Sobre o livro de Sylvie Giono: 
« Mon père était un gourmand, pas un gourmet, habitué à la cuisine familiale plus qu à la cuisine raffinée. C était un sensuel, ses sens lui servaient à goûter le monde : le voir, le sentir, le toucher, l entendre. Il s en servait pour son bonheur, dans son espace réduit puisque, Voyageur immobile , il a peu quitté et fort tard la Provence. Se mettre à table était pour lui un grand plaisir. Je me souviens de l atmosphère joyeuse, détendue, de tous nos repas de famille, repas souvent partagés avec des amis ou de simples visiteurs qui, s étant attardés dans le bureau de mon père à l heure du repas, étaient conviés à partager notre ordinaire. Pour eux, peu importait ce qu il y avait dans l assiette, ou dans leur verre, ils buvaient littéralement les histoires que mon père racontait. »
Sylvie Giono a reconstitué le cahier des recettes familiales, ancrées dans la Provence, l huile d olive et les herbes des collines, qui faisaient le quotidien et le bonheur de son père. Elle y ajoute ses souvenirs et les photographies de l album de famille, ainsi que de savoureux textes choisis dans l uvre de son père.
Anecdotes et extraits littéraires s entremêlent pour retracer l atmosphère d une maison haute en couleurs, où, au moment du plaisir simple des repas partagés, Giono, écrivain gourmand, devenait conteur.

Nenhum comentário:

Postar um comentário